Estava trânsito automóvel, muito, mas isso já não me aflige, é o que é, eles é que vão em rebanho.
Na Estrada da Circunvalação, ia eu no sentido para Lisboa e vi pela primeira vez um commuter de bicicleta a ultrapassar outro commuter de bicicleta. Cada vez há mais gente a adotar os meios ativos de transporte. Boa!
Chegado à ciclovia da Radial de Benfica estava o trânsito todo a caracolar, apitavam e bufavam dentros das suas latinhas - esta gente deve chegar ao trabalho super motivada e cheia de energia positiva. Not!
O trânsito era tal que na rotunda onde finda a ciclovia estava tudo emperrado, estava um carro da polícia e dois agentes a orientar o trânsito, até eu parei na cabeça da fila.
Questionei o que se passava e o polícia sem tirar os olhos do seu mister diz-me: "Foi um acidente muito grave na Rua de Campolide".
Segui e mais adiante ao passar os carros parados foi vendo que havia um grande aparato com polícias e carros de bombeiros, pinos a reduzir a estrada a uma faixa.
Fiz o que faço quase 99% das vezes, desmontei e atravessei a passadeira para depois seguir a pé com a bicicleta pela mão para a Av. Gulbenkian.
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Nisto há uma senhora que começa a atravessar a passadeira ao mesmo tempo que eu, com um polícia à nossa frente no passeio. O condutor do primeiro carro, um velhote, começa a tentar passar, na única faixa, connosco ainda na passadeira.
A senhora começa quase histérica a gritar: "É uma passadeira! Veja a passadeira..."
O velhote continua a pressionar para passar e a mandar vir dentro do carro. E a polícia e bombeiros ali ao lado. Assim que passo, com a bicicleta na mão, ouço um dos muitos populares que ali estavam quedados a ver a gritar:
"Filho da put@, ainda mandas vir? Cabrão! É uma passadeira!"
Estranha reação, pensei.
Nisto começo a subir pelo passeio mas olho para trás para ver o tal acidente grave.
Não vi carros batidos, nem estilhaços... estranho!
Vi apenas um carro "civil" parado e dois polícias a falar com uma senhora.
A cada carro que passava acelerando as pessoas continuavam revoltadíssimas.
De repente o meu olhar fixou um saco no chão ao lado do autotanque dos bombeiros.
Parecia resguardar um corpo, inerte, morto!
Fiquei completamente enjoado...
Não confirmei ainda a notícia, isto aconteceu há pouco, mas se os olhos não me trairam, alguém perdeu a vida ali, naquela passadeira que eu uso todos os dias que venho de bicicleta.
Numa rua que deveria ser "residencial" e deveria ter limite de velocidade forçado, onde passam pessoas idosas, crianças, carrinhos de bebé... alguém com pressa para ir para o trabalho, distraído, ceifou uma vida, de alguém, que tinha família, que tinha amigos...
Podia ser o seu filho, a sua mãe, uma amiga, um colega de trabalho.
Dasse, podia ter sido eu!!
As nossas estradas estão um selva.
Há imensos atropelamentos mortais porque as estradas são mal feitas, por falta de sinalização, mas muitos por falta de cidadania e consciência dos intervenientes no trânsito.
É por isso que é importante mudarmos, agirmos, não sermos passivos nesta guerra silenciosa.
É importante assinarmos este tipo de petição, que parece não ter impacto mas que até pode mudar muita coisa num futuro próximo...
We strongly disapprove of the appointment of Jean Todt, head of the International Automobile Federation / Formula 1, as UN Special Envoy on Road Safety.
O mundo somos nós que o fazemos!
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Notícia aqui no site da TVI24
"Um peão foi atropelado mortalmente, esta quinta-feira, na Rua de Campolide, depois de um acidente entre um carro e um motociclo, confirmou à TVI24 fonte da PSP de Lisboa. O acidente fez ainda um ferido ligeiro, o condutor da moto.
A vítima, uma mulher de 63 anos, foi atropelada pelo carro e faleceu no local. O condutor do automóvel foi identificado.
Segundo a mesma fonte, o acidente ocorreu às 8:34. A Rua de Campolide foi cortada e o trânsito ainda se encontra condicionado."
Correio da Manhã
"Uma mulher de 63 anos foi atropelada mortalmente durante a manhã desta quinta-feira na Rua de Campolide, em Lisboa. A condutora que atropelou a mulher feriu ainda um motociclista e tentou fugir do local, mas foi travada por populares. O acidente ocorreu por volta das 08h39 desta quinta-feira e provocou morte imediata à vítima. A condutora atingiu uma mota, que tinha parado numa passadeira para deixar a vítima passar, e de seguida colheu a mulher de 63 anos. O motociclista sofreu ferimentos e foi transportado pelo INEM para o Hospital de Santa Maria. Testemunhas no local relataram ao CM que o dono de um café e outros populares foram atrás da mulher que causou o acidente e queria fugir do local, afirmando que "estava atrasada para o trabalho". Foi travada com ajuda de um camião que lhe bloqueou o caminho e detida pela polícia, acabando por ser libertada depois de fazer os testes de alcoolémia."
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