Infraestruturas precisam-se! (mas das boas!)

Friday, February 27, 2015

Circulam nas redes sociais vários artigos sobre as virtudes da bicicleta que os portugueses descobrem quando vão lá para fora.
O mais recente é este do "Jornal i" cujo parangona é:
"Portugueses de Londres aderem em massa à moda da bicicleta"

Eu não tive até hoje uma experiência profissional (de longa duração) "lá fora", e as vezes que por lá andei mais tempo foi de férias em que a percepção é obviamente diferente. Mas apercebo-me que "lá fora" as coisas são diferentes. Mesmo muitos colegas de trabalho, mais velhos e não só, que já tiveram experiências de vida no estrageiro admitem que usavam a bicicleta como meio de transporte e/ou os transportes públicos com mais frequência que por cá.

Ora como é óbvio, um tuga não muda do dia para a noite.
Não sai do aeroporto em Portugal com uma ideia de vida e aterra noutra cidade europeia com a cultura desse país embutida na sua mente. E quando regressa não "embrutece" ao passar a fronteira.
É óbvio que a informação, a cultura e o civismo moldam as ações das pessoas, mas tem de haver algo mais...

Eu tenho muitas conversas e discussões com amigos e conhecidos que, felizmente, pensam diferente... não digo que tenham razão ou deixem de ter, mas que pensam as coisas de outras maneiras... nomeadamente sobre isto do ciclismo urbano e o commute de bicicleta.

Um grande amigo meu, que percebe e entende as virtudes do uso da bicicleta, mas que cá em Portugal não a adopta, e tem mil e uma desculpa todas elas válidas (como todos os outros que não "arriscam") foi recentemente uma temporada larga para o Brasil.

Amiúde manda-me estas pérolas, para "brincar" comigo :)




Mas recentemente recebi com muita satisfação no meio de umas conversas por mail estes parágrafos:

"Eu imagino que devas andar com o coração nas mãos sempre que sais para a estrada de bicicleta, eu não conseguia... 
Em contrapartida, aqui no Rio estou seriamente a equacionar em comprar uma bicicleta em segunda mão, porque existem excelentes condições para nos deslocarmos para todo o lado em ciclovias, e os automobilistas e os ciclistas convivem muito serenamente (mesmo com alguns excessos de velocidade).
Continua..."

Ora, então o que falta para levar as pessoas em Portugal a mudarem o "chip"?
É a educação?
É cultura?
É a lei?
É a fiscalização dessa lei?
São incentivos?
Claro que sim...

Mas o que faz as pessoas largarem o carro e apostarem na bicicleta são infraestruturas!
São as ciclovias! São mais ciclofaixas!

Adenda:
Eis que o meu amigo já se converteu... hajam infraestrutras e as pessoas mudam o chip!!


Grão a grão...

Thursday, February 26, 2015

Parece um milagre! A LUZ voltou!

Depois de meses, quiça anos, a iluminação voltou a parte da Estrada da Circunvalação, em Lisboa.

Já tinha reportado que tinha visto os técnicos a ver a coisa há dias...


... e hoje eis que parte dos postes de iluminação estavam acessos!



Se clicarem na imagem e fizerem zoom vão ver três peões no carreirinho, mais à frente estava ainda tudo apagado e um deles começa a refilar enquanto o outro lhe mostra no telemóvel o caminho indicado por uma app de mapas (presumo).

Eram três alemães adeptos do clube da bola Wolfsburg, que devem ter ficado no hotel perto do parque de campismo, para o jogo de hoje com o meu Spooorrttinnnggg! E mesmo a minha clubite não me impede te ter dito pena deles... ali, no meio do nada, sem passeios, à noite, quase às escuras! O que dirão estes turistas de Portugal? Vergonhoso!

Ainda faltam alguns postes, mas parece mesmo outra estrada!! Carago!!!

Tomem as faixas... mas com bom-senso!

Saturday, February 21, 2015


(Este post vêm a propósito de uma conversa numa das redes sociais onde um educado senhor estrangeiro insistia, na sua inocência, que os ciclistas nas cidades - e não só - devem andar na berma ou encostados à direita de forma a não incomodar o trânsito.)


Eu ando nisto há pouco tempo, e tal como muitos tive e ainda tenho dificuldade em assumir de bicicleta a minha "posição primária" na estrada/rua.

«The cycling skills manual Cyclecraft, the foundation of Bikeability, the UK's national standard for cycle training, defines the terms primary riding position, where the cyclist will be more visible and predictable to motor vehicle traffic, as being in the center of the traffic lane, and secondary riding position as being 1 metre (3.3 ft) to the side of moving traffic, but not closer than 0.5 metres (1.6 ft) from the edge of the road.»
in http://en.wikipedia.org/wiki/Vehicular_cycling

Com a experiência e conhecimento dos percursos tenho abandonado a segregação do uso da berma ou de estar encostado à direita da estrada para ir para uma denominada "posição secundária".

«Lane control is the practice of a cyclist controlling a lane (also known as "using the full lane", "taking control of the lane", "taking the lane" or "claiming the lane") when traveling near the center of a marked travel lane. Controlling the lane normally precludes passing within the same lane by drivers of wide motor vehicles, while being positioned near a lane edge usually encourages such passing—even when it is hazardous to cyclists.»
in http://en.wikipedia.org/wiki/Vehicular_cycling

No entanto com o passar do tempo e o calo do dia a dia começo a tomar o centro da faixa e a assumir a dita "posição primária", tendo em consideração a rua ou estrada onde circulo para estar mais ao centro ou um pouco mais à direita.

Não é fácil fazer esta mudança mental, e nem todos tem a mesma percepção da segurança. Há quem ache que estar na berma ou à direita é o seguro e correto, e há quem ache que o o estar no centro da faixa é que permite um melhor nível de segurança e conforto para o ciclista mesmo em detrimento do trânsito motorizado.

«
"control and release"
A savvy cycling practice in which the bicycle driver balances courtesy with safety by controlling his or her lane, but moving aside or pulling over, when it is safe and reasonable to do so, to release traffic that is unable to pass for a significant time.»
in http://iamtraffic.org/glossary/control-and-release/

Mas para perceber bem estes conceitos e a segurança inerente a circular na berma/direita ou no centro ver bem esta animação (só em PC, é em flash):
http://www.commuteorlando.com/ontheroad/animations/narrowlane/narrowlane.swf

Mas no fundo no fundo o ciclista deve fazer aquilo que é o mais seguro para si tendo em conta a estrada/rua onde circula, as condições atmosféricas e o fluxo de trânsito... as regras são regras, e as leis para cumprir, mas em primeiro o bom-senso...

Um exemplo... ainda outro dia um grande amigo me contava que num determinado local circulava de bicicleta e passa por uma passadeira onde uma senhora ia começar a atravessar, assim que passa ouve o baque de um carro a bater nesse peão. O astro maior estava no horizonte e os carros não abrandaram com o cuidado devido e naquele ângulo a visão dos raios cegava os condutores... o peão não contou com isso e meteu-se na passadeira após o meu amigo passar, o carro nem a viu e atropelou. Podia ter sido esse meu amigo, felizmente não foi. Infelizmente foi outra pessoa.

(Monsanto, Lisboa)

Ora nos dias seguintes a este relato apanhei em vários locais, de manhã ou à tardinha, estes ângulos do Sol em determinados troços do meu commute. Esta situação levou-me a abdicar totalmente da posição primária e até secundária e a refugiar-me bem à direita. É que a visibilidade era tão má que não ia arriscar.

Mas para fechar, relembrar e sublinhar: as bicicletas também são trânsito e pertencem à estrada! Mas primeiro que tudo está a segurança.

E fez-se luz na Circunvalação (a de Lisboa)

Sunday, February 15, 2015

Como sóis sabedores, se seguem esta saga, tem havido uma série de gente a esforçar-se para que o percurso de Alfragide via Parque de Campismo, Bairro da Boavista e estação de serviço da Repsol até à ciclovia da Radial de Benfica (Estrada da Circunvalação) tenha melhorias para quem usa os meios de transporte suaves, e não só.


E parece que nestas últimas semanas as preces foram ouvidas e fez-se luz!

Das muitas e muitas queixas que tem havido, de transeuntes e moradores a CML e EDP lá acederam a resolver o problema que se mantêm há largos meses, para não dizer mesmo há anos.

Portanto desde a zona sul vindo do Parque de Campismo estão ainda técnicos a resolver a situação...
Relato de um amigo: "Hoje quando passei no troço da penumbra, perto das 12h30, estavam lá 2 trabalhadores, acho que da edp. meti conversa com eles. estavam de facto a repor a iluminação mas vai demorar a ficar completo porque roubaram muito cabo. até uma das curvas ele disse que hoje ficaria pronto mas depois, na zona das curvas onde viste a carrinha parada ainda ia demorar.. disse-me que estavam a trabalhar para a iluminação ficar completa no troço todo mas que não sabia prazos até ficar tudo feito."



A zona mais perto do bairro onde existe mais afluência de peões às paragens dos autocarros e onde as passadeiras à noite eram armadilhas para acidentes, e que estavam com este aspecto:


...mas agora já tem alguma luz artificial e periga menos todos os intervenientes na estrada.

Até a Ciclovia da Radial de Benfica está quase toda ela iluminada, parece outra... muito mais segura e aprazível.


Se se quer que as pessoas adotem a bicicleta em detrimento do carro tem de haver condições, e essas passam por garantir a segurança de todos. A iluminação é um elemento básico, e em cidade ou nesta zona sub-urbana não há razão para que os focos de iluminação estejam desligados ou avariados meses e meses.

Infelizmente há um pequeno troço de uns 300 metros que não tem postes e que tão cedo não terá solução... por isso a ideia da "Iluminação Pública Inteligente" pode ajudar a iluminar esse pequeno espaço de passsagem nessa estrada.


É só votar aqui:
http://comunidadeedp.pt/todosqueremosumbairromelhor/ideia/1110

A todos os que ajudaram nesta batalha um muito obrigado!


Eu, futuro MAMIL, me confesso...

Sunday, February 8, 2015

Pois é, ao fim de alguns meses finalmente consegui ir dar um passeio à séria na Prazeres (a minha bina ZEUS, PraZEUreS, got it?).

Já tinha tido vários desafios, do meu amigo/vizinho e de um outro amigo que mora aqui perto, mas nunca se tinha proporcionado a oportunidade. Apenas tinha dado pequenos passeios de 15 a 18 kms mas sozinho aqui nas redondezas.

Como recentemente levei a bina à tal oficina - para uma afinação das mudanças, travões e lubrificação - agora sim estava na hora de a levar para a estrada a sério! E nada melhor que um Algés-Cascais-Algés num domingo soalheiro, frio e com algum ventinho chato.


A-D-O-R-E-I!

Agora percebo as hordas de ciclistas, em bando ou até a solo, nas muitas estradas alcatroadas...

Fui com dois amigos, um colega de trabalho e outro ex-colega de trabalho, todos eles os dois mais crominhos que eu nestas coisas, cheios de truques e cenas... eu como dá para ver pelas fotos ainda estou longe de estar no ponto! Mas para lá caminho pois já fiquei com o bichinho...



Gostei mesmo! E a Prazeres não me deixou ficar mal... rola que é uma maravilha...

Tenho andado a reler o Yehuda. O Joe é que sabe!


O Bernardo e o Miguel é que tem razão! A Marginal tem de ter uma faixa só para bicicletas, e nem falo de faixa para "bicicletas de competição" - como referiu o presidente da CMO aquando da inauguração da "Pedociclocoisa" - mas para as milhares de pessoas que querem usufruir desta magnífica localização e estão confinadas a passeios ridículos.


No final da "Curva do Mónaco" ainda continuam os destroços causados por um acidente há meses, a extorvar os peões e ciclistas, já que os carros tem a via livre...


Mais adiante na "Pedociclocoisa", que eu acho muito bem que se façam estas obras para os peões correrem e andarem, mas aquilo para bicicletas em convívio não serve... digo eu.


Ah, e hoje joga o meu clube contra o eterno rival...
Glória aos vencedores e honra aos vencidos! E que ganhe o melhor! Alllezzzz!


E doí-me uma certa parte do corpo, sim essa mesma... chiça! :|

* MAMIL = Middle Age Man In Lycra

"Estou a trabalhar ó pá!"

Thursday, February 5, 2015

País da tanga, républica das bananas... regras e leis para inglês ver...

Conseguem ver o senhor agente de mãos nos bolsos?!
É que ele está ali com um propósito, securizar a entrada nos jardins da Gulbenkiam, o resto já está fora da sua jurisdição.


As duas fotos foram tiradas quase do mesmo sítio, uma virada para baixo e outra para cima...


E dizem/pensam os que me olham na bicicleta: "É que eu estou a trabalhar pá! Não ando aqui a passear de bicicleta!" - é especulação minha, ninguém me disse nada! Mariconços à mesma! (sem ofensa!)

Ver no minuto 4m30s:



E depois há quem me diga que isto vai lá é com instrução/educação/informação, pois pois...
Se as pessoas não estivessem preocupadas com o dar de comer aos filhos e o futebol, talvez... mas nem todos leem ou querem estar informados.


Por falar em estar informado, (passe a publicidade) comecei a ler a XXI Ter Opinião... interessante!
http://www.ffms.pt/xxi-ter-opiniao/

Equipamentos aos molhos!

Wednesday, February 4, 2015

Mais um caso que me aguça a curiosidade...

Isto ocorreu-me por ter recebido via uma das mailing-lists onde estou inscrito um pedido de informação sobre existência de um parque para bicicletas num determinado local... o que me leva a estar mais atento a estas coisas.

Este equipamento é no Mercado 31 de Janeiro em Arroios, considerado um dos melhores espaços de mercado da cidade mas que está, como muitos, um pouco às moscas... pode ser que alguém pegue nele e faça o mesmo que no Mercado da Ribeira ou de Campo de Ourique e lhe dê uma vida nova.


Mas voltando ao equipamento para bicicletas... eu até nem digo que as pessoas que tomam estas decisões as façam por maldade, mas que as fazem sem pensarem muito no tema isso não tenho dúvidas.

O que está aqui em causa não é o equipamento em si, se é bom ou adequado ou ideal, mas sim a razão de estar ali... naquele local.

Obviamente que é melhor ter que não ter, também não é isso que está em causa, de preferência deveriam haver estruturas em todo lado - não necessariamente estas, não é isso que está em causa.

O que me "faz comichão" é a escolha de certos locais em detrimento de outros onde eventualmente seriam mais necessários.

Por exemplo, um suponhamos, se aquele equipamento não estivesse lá e alguém quisesse prendar a sua bicicleta, enquanto vai comprar fruta ao mercado, teria possibilidade de o fazer?

Com um gradeamento de 20 metros parece-me a mim que a estrutura não está ali a fazer nada a não ser decór e podia ser usada noutro local onde fosse necessária, numa escola, num museu, num local de restauração, etc...

Os testemunhos : Alfragide-Lisboa

Sunday, February 1, 2015

Todos os testemunhos feitos até à data de 1 de fevereiro de 2015 sobre o percurso Alfragide-Lisboa via a Estrada da Circunvalação consolidados num PDF para simples divulgação e leitura.

Download do PDF com os testemunhos.



Depois de a dia 1 de janeiro de 2015 lançado a minha visão do problema, e algumas possíveis soluções, tive um mês de janeiro cheio de ações e atividades no sentido de levar a água ao moinho.

Estudo aqui:
http://asminhasbicicletas.blogspot.pt/2015/01/estudo-ciclovia-alfragide-lisboa-v10.html

Logo no início do mês fui contatado pelo presidente da FPCUB com quem tive uma agradável conversa telefónica, que me explanou a visão deles e me deu o contato de uma pessoa da direção com quem dialogar em mais detalhe sobre este tema. Assim o fiz, trocamos algumas impressões e ideias, e sei que em reuniões presenciais na CML este tema foi abordado (mesmo que superficialmente).

Logo nesses primeiros dias de janeiro fui também desafiado a juntar-me à MUBi o que fiz de muito bom grado. Tenho aprendido muito com as pessoas que formam atualmente o núcleo duro (a MUBi Core) e temos debatido muito este percurso. Mas como as coisas tem de ser consensuais (e acho bem que assim seja, regras são regras e as da MUBi são essas) o tema ainda vai demorar até solidificar numa ideia a apresentar oficialmente pela MUBi - mas devagar havemos de chegar a bom porto.

Divulguei de forma recorrente e periódica nalguns grupos do Facebook e em listas de distribuição por mail, que tem milhares de pessoas, a quem pedi para verem o estudo e se possível deixarem o testemunho.

Imprimi 50 cartões de visita que andei distribuir aos commuters com quem me cruzava no percurso em causa.


Fiz um post numa página que administro do meu bairro e paguei 20€ para fazer um boost que chegou ao mural de mais de 20 mil pessoas das quais 260 clicaram para vir ao blog ver o estudo.


Enviei o meu "estudo" à Junta de Freguesia de Benfica e a múltiplos departamentos/direções da CML, tendo novamente apenas resposta da única pessoa que na CML tem dado alguma atenção às minhas missivas - que louvo e agradeço muito a paciência.

«Antes de mais, só lhe posso agradecer o seu empenho na concretização deste percurso. Ainda que, como refere, não possua conhecimentos técnicos, a sua experiência diária ser-nos-á, certamente, muito útil.
(..)
Iremos analisar o seu trabalho com a devida atenção e distinguir as melhorias de fácil implementação de outras, que possam vir a exigir mais meios.»

De 1 de janeiro até à hora que escrevo este post houve 459 visitas à página do estudo, sendo 371 visitas únicas - houve pessoas que vieram mais que uma vez.

O ficheiro de PDF teve 351 downloads da MEOCloud onde alojei e partilhei o ficheiro, mas sei que muita gente partilhou por email o dito ficheiro com outras pessoas.

Tinha dado a mim mesmo o prazo de 1 de fevereiro para recolher os testemunhos e consolidar num novo PDF e disseminar por quem tem responsabilidades no tema a fim de apressar pelo menos a resolução imediata dos problemas atuais. Além de que faço anos hoje! Yaaa, parabéns a mim! :)

Acredito que outros testemunhos venham a ser feitos no post e se se justificar um dia poderei fazer uma v2.0.

Esta fase não significa o final do projeto mas apenas uma pausa para deixar germinar e dar tempo ao tempo de as ideias assentarem, crescerem e decisões serem tomadas.

 

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