Amolar por aí

Saturday, May 23, 2015

Há dias vinha a chegar ao local do meu trabalho e vejo um colega e amigo a sair do nosso edifício para ir ter uma reunião noutro edifício, e como ia a chegar na Felicidade "buzinei" com a corneta a cumprimentá-lo pela fresquinha, eu na estrada de bicicleta ele no passeio a pé.

Ele mal se apercebeu que era eu, devia estar distraído nos seus pensamentos. Passados uns minutos recebo um SMS:


Mau, é que o som da corneta nem tem nada a ver com o melodioso som da gaita dos amoladores.

E isso lembrou-me que tenho de afiar uma série de facas mas sempre que o amolador passa lá na rua eu não tenho possibilidade de recorrer aos seus serviços... mas hoje consegui!

Ouvi o som característico do seu chamariz a ecoar nas ruas e acenei-lhe à distância da janela, ele veio e parou à minha porta. Acordamos valores e lá foi ele tratar de limar o fio da navalha de uma meia-dúzia de facas rombas que hibernavam na gaveta dos talheres.

É um senhor já nos 60 e muitos, com a tez marcada do sol de muitos anos, com um cigarrinho de enrolar na ponta da boca e de uma amabilidade fantástica. Deve ter vivido uma vida inteira neste mester, quiça desde menino moço. 


A sua "biciclete" é o seu meio de deslocação, apesar de que ali no bairro e nas redondezas ele segue vagorosamente a pé à cata de clientela. A sua "biciclete" é também a sua ferramenta de laboração.

Quando me entregou as seis facas diz-me: "Não as lave com água quente ou na máquina que isso estraga o fio."
Se quisesse fazer mais negócio não me dizia nada e daqui a um ano estava a afiar-me as mesmas facas. É gente honesta.


Há quem pague para ir ao ginásio rolar em bicicletas-estacionárias, eu paguei para o amolador fazer exercício enquanto me tratava de aguçar as lâminas.

Por falar em cornetas, buzinas e campaínhas, ouvi falar destas coisas "Oujing Cycling horn":


Uiii, deve ser bem bom. Electronic horn. Isto é uma buzina. Para aqueles ciclistas que andam com pouca paciência para os peões nas ciclovias isto pode ser um escape à frustação, tem é de ser usado com peso e medida senão ainda mata alguém do coração.
(não estou a aconselhar, só a dizer que existe...)

A Prazeres na imprensa!

Friday, May 22, 2015

A Prazeres rola e rola e rola e os carros caracolam...

"A vida é feita de decisões." - bora lá lançar este slogan!


Há uns meses fui contactado por um simpático moço que me pediu autorização para mencionar o meu blog num artigo que iria escrever sobre bicicletas, o que anui sem problema.

Hoje de manhã fiquei sabedor da peça jornalística.



Ver o resto do artigo aqui na página 33:
http://issuu.com/pontoturismo/docs/ponto_turismo_18__1_

Só faltou mencionar a "Felicidade" -  minha outra bina.

Orçamento Participativo de Lisboa 2015/2016

Wednesday, May 20, 2015

Já começou a fase de aceitação de propostas para o Orçamento Participativo de Lisboa 2015/2016.

http://www.lisboaparticipa.pt/

Honestamente eu cada vez estou mais descrente nestas iniciativas, pois é ver as boas ideias serem votadas massivamente e depois tardam a ser implementadas pelas autarquias, algumas com desculpas esfarrapadas e "mal pagas".

Depois há também quem meta algumas pérolas, esta relacionada com bicicletas e mobilidade:

"Ciclovias a mais na cidade | 2015-05-18 18:44:02
Remover as ciclovias da cidade, são um empecilho para o trânsito"


http://www.lisboaparticipa.pt/proposta/op15/221/estacinamento-na-avgomes-pereira

E isto foi apresentado em "Assembleia Participativa"... quer dizer que alguém de viva voz mandou esta proposta? Enfim...

Já começam a ser demasiados commuters

Monday, May 18, 2015

Então não é que a semana passada fui ultrapassado por, não uma, não duas, mas por quatro bicicletas no espaço temporal de 10 minutos...
Dois commuters (o meu vizinho P e outro commuter que fui conhecendo que é o R - iam atrasados e seguiram) e por dois ciclistas de estradeiras em treino... num só dia logo por quatro!

E ainda há pouco tempo vi um commuter a ultrapassar outro commuter de bicicleta no sentido contrário ao meu.

Comecei nisto do commute de bicicleta já há dois anos. Neste tempo fui conhecendo as pessoas e como somos poucos é fácil criar empatia. Mais tarde via as redes sociais acabámos por passar a comunicar uns com os outros mais do que aqueles fugazes 10 segundos em que nos cruzamos ou passamos de manhã ou ao final do dia.

No princípio conhecia os que já eram meus amigos. O meu amigo/vizinho P, os meus amigos e colegas de trabalho S e C, e mais tarde criei uma amizade com um amigo deles o J com quem temos conversas engraçadas sobre isto das bicicletas.

"
- E aquele moço mais gordinho? Sabes que é?
- Sim, sim, tem uma pedalada, vai lá vai. É o E, ele vai todos os dias de bike para o trabalho.
- E aquele outro que tem uma estradeira azul...?
- Perfeitamente, é o F, para mim é como o "The Grail" o personagem do Yehuda, passa sempre por mim e nunca o consigo acompanhar.
- Yá, esse sacana tem um ritmo do caraças... mas uma vez eu mais o Jamaica Man...
- Quem??
- O Jamaica Man, não sabes quem é? É um mano com grandes rastas... ele passa noutra hora diferente da tua.
- Pois, esse não conheço...
- Mas uma vez o The Grail passa por nós, e virei-me para o Jamaica Man: Bora apanhá-lo? e fomos atrás dele... hehehe.
- Ópá, eu nunca o consegui apanhar... ele rola muito...
"

Eu até há pouco tempo conseguia identificar quase todos os commuters no meu horário e outros que conhecia mas me cruzava de vez em quando: o P, o S, o C, o J, o E, outro P, o R, o F, outro R e um ou outro mais...
Agora? Agora apareceram mais uma meia dúzia deles, e noutros horários devem existir outros tantos... tudo gente que viu a luz! :)

Há dias vi um foto que o R tirou ao F (o que chamávamos "The Grail" antes de o conhecer) e que este postou no seu facebook:



...não resisti a deixar-lhe este comentário:

"Confessa lá que tens saudades daqueles dias de commute fechado dentro de uma latinha com ar artificial do AC, sentadinho sem fazer esforço a não ser apenas o suficiente para mudar a estação de rádio, enquanto ficas a abóborar parado no trânsito com um sorriso amarelo para o enlatado do lado? 

Que tens saudades de não  ter de sentir os elementos a bater-te no rosto? O Sol a queimar-te a pele? A brisa a soprar-te na face? A chuva a molhar-te? Que passavas bem sem o cheiro das flores a brotar na Primavera? Ou do cheiro a terra molhada no início do Outono? 

Confessa que te sentes culpado por não contribuíres para a economia do país não gastando o teu soldo em ginásios? Em idas ao hospital por maleitas modernas, do stress e da ansiedade? Por não investires em produtos petrolíferos que tanto ajudam o nosso país? 

Confessa que tens saudades de engordar lentamente ao invês de queimares os excessos? 

Confessa lá que preferias voltar a fazer parte do rebanho que lentamente pasta de casa para o trabalho numa estrada de alcatrão ao invês de ires aí nesse estradão no meio do mato? 
Hmm?"

Respondeu:
«Já nem me lembro de nada disso...»

O F atingiu o nirvana.



O "The Grail" no Yehuda Moon (http://www.yehudamoon.com/):



Gulbenkian a inovar (em Lisboa)

Friday, May 15, 2015

Hoje pensei de caminho em ir tomar um café ao tal spot da Gulbenkian que já referi no outro dia, mas descobri que que só abre às 10h00, ora bolas!

Mas nem tudo são más notícias... olha lá o que estão a meter nas entradas todas, e que foi estreado pela Felicidade...

A pessoa com quem falei disse que iam meter mais uns quantos, e quando referi que podiam estar melhor situados e menos refundidos disse que o "Arquiteto Jardim é que mandou meter assim!"


Mas pronto, pelo menos já há uma consciência... build them, and they will come!

Movimento Perpétuo Associativo

Thursday, May 14, 2015

Hoje é dia da Assembleia Geral da MUBi.

Ver informação oficial aqui:
http://mubi.pt/2015/04/30/assembleia-geral-14-de-maio-quinta-feira-20h30/

São umas horas da vossa vida que podem dispensar e investir para o bem comum e para um bem maior. É de aparecer ou assistir remotamente, participar, opinar, aprender e apreender, ser ativo e útil.


"Ah e tal mas não sou sócio e mais não sei o quê e o camandro..."
Ser sócio é grátis e custa o tempo de preencher este formulário:
http://mubi.pt/junte-se-a-nos/faca-se-socio/

Mas aqueles que já são sócios deem lá um salto e participem!

"Quem quer fazer algo encontra um meio, quem não quer fazer nada arranja desculpas." - ou é do Confúcio, ou é um provérbio Árabe, ou é sabedoria popular...

O que me fez lembrar esta musiquinha:

Movimento Perpétuo Associativo - Deolinda



«Agora sim, damos a volta a isto!
Agora sim, há pernas para andar!
Agora sim, eu sinto o optimismo!
Vamos em frente, ninguém nos vai parar!

-Agora não, que é hora do almoço...
-Agora não, que é hora do jantar...
-Agora não, que eu acho que não posso...
-Amanhã vou trabalhar...

Agora sim, temos a força toda!
Agora sim, há fé neste querer!
Agora sim, só vejo gente boa!
Vamos em frente e havemos de vencer!

-Agora não, que me dói a barriga...
-Agora não, dizem que vai chover...
-Agora não, que joga o Benfica...
e eu tenho mais que fazer...

Agora sim, cantamos com vontade!
Agora sim, eu sinto a união!
Agora sim, já ouço a liberdade!
Vamos em frente, e é esta a direcção!

-Agora não, que falta um impresso...
-Agora não, que o meu pai não quer...
-Agora não, que há engarrafamentos...
-Vão sem mim, que eu vou lá ter...»

Escolher estar feliz

Wednesday, May 13, 2015

A vida é feita de escolhas. *


Há grandes escolhas, há pequenas escolhas, há escolhas simples, há escolhas efémeras, há escolhas com impacto, há escolhas sem sentido, há escolhas duvidosas, há escolhas por obrigação, há tantas escolhas, há escolhas...


Eu hoje tinha duas escolhas... ou vinha na Felicidade ou vinha na Prazeres!
Escolhi vir na Prazeres.
Até voa... baixinhooo.

[
Agora lembrei-me de uma anedota que é mais ou menos assim:
Na escola a professora pergunta:
"- Meninos, digam animais que voam..."
e diz um dos alunos:
"- Um hipópotamo."
"- Então? Os hipópotamos não voam..." - repreende a professora.
"- Mas o meu pai é do KGB e diz que sim."
"- Pois, voam, mas voam baixinhooooo..."
Eu sei, é um pouco seca, mas pronto... e não estou a comparar a Prazeres a um hipópotamo, quanto muito seria uma gazela!
]

Já o resto da malta, dentro das suas latinhas a caracolar, não sei se tem escolhas ou não mas quiça deveriam começar a pensar nisso.


Houvessem mais infraestruturas e respeito no trânsito e muita gente arriscaria, mas o primeiro passo tem de ser os próprios a dar...

"Quem quer fazer algo encontra um meio, quem não quer fazer nada arranja desculpas." - ou é do Confúcio, ou é um provérbio Árabe, ou é sabedoria popular...


(A vida é feita de escolhas. * acho que isto deveria ser um slogan/campanha de promoção da adoção de meios de transportes ativos... e não é original meu mas copiado aí de alguém nas redes sociais, não lembro o nome do senhor)

Rolando para o piquenique*

Saturday, May 9, 2015

* mas desta vez não fui eu que rolei, infelizmente!

Finalmente calor!! (Apesar de que para mim assim já está bom! Mais não, sff...)

Nós lá de casa e mais um casal amigo combinámos um piquenique ali no Parque Infantil do Alvito em Monsanto, Lisboa.


É um espaço fantástico para as famílias, os miúdos adoram e é mesmo muito agradável.

Pena é que sendo um local tão central a Lisboa só quase seja acessível de carro.
Há transportes? Sim, há, mas não dá jeito a todos, e assim torna-se super cómodo ir... de carro! Obviamente!

E claro que com o respeito que o tuga tem gera-se o caos pois toda a gente quer estacionar o mais próximo da única entrada do parque o que leva a que fique tudo encalacrado.
E o respeito pelo código da estrada ou o respeito ao próximo deixa de existir, pois o umbigo de cada um é sempre o mais importante.  "O meu umbigo é mais bonito que o teu." - li algures aí na internet.

Ainda assim recomendo muito! Vão!



Almoço de carne grelhadinha, mesa com sombra, até apareceram umas ações da CML para animar a criançada e os graúdos. Muito bom!

Estava eu estendido na mantinha à sombra na relva e ouço uma mãe para um miúdo ao meu lado:
"Ó Mánel, despacha-te a brincar se ainda queres ir à praia!"
Mas esta gente bate bem? Estão ali num pequeno paraíso para os miúdos e está a stressar a criança para ir à para praia? Apanhar trânsito para ir ter com o resto da carneirada? Jiizzz.




Mais uma vez nestes parques existe a regra de "Bicicleta não entra!" e tem um estacionamento à porta. Que estava desta vez com dois exemplares....
Aliás, eu sabendo que bicicleta é complicado já não levava a da miúda, mas a minha filhota de 5 anos ia a entrar de trotinete: "Trotinete não entra!" - chiça!!!


Perguntei ao meu amigo M. quantas pessoas ele acharia que durante o dia estariam ali naquele parque, ele mandou: "O dia todo? Hmmm, talvez umas duas mil pessoas..."

Honestamente deve ter sido o dia em que lá fui que vi aquilo mais cheio. Eu fujo das multidões e não gosto destes grandes ajuntamentos, sou assim, mas até costumo ir muitas vezes a este parque, mas sempre fora dos dias de enchentes. Portanto hoje foi um dia em que aquilo para mim estava mesmo pelas costuras!

Como só vieram de bicicleta duas pessoas, por acaso exatamente o meu amigo M. e o seu filho F. de 8 anos, fazendo umas contas de merceeiro, para um dos melhores parques da cidade para famílias e criançada, assumindo os tais 2000 ocupantes, então provavelmente, hoje foram apenas 0,1% pessoas de bicicleta para o parque.

Talvez menos de 1% de transportes e quiça uns 99% de carro. É este o futuro que queremos?

Atenção, eu e a minha família fomos de carro (e carregados de coisas, mantas, comida, bolas, trotinete, arca com sumos, etc) mas não estou a dizer para fazerem o que eu digo e nao o que eu faço, nao sou desses. E há muita gente que leva carrinhos de bebés e montes de tralha e com os atuais transportes será complicado.

Mas o que eu queria mesmo era ter condições para poder convencer as minhas babes a irem de bicicleta.
Mas com as atuais infraestruturas? Nem pensar!
Não vou ser mártir da causa nem expôr a minha filha de 5 anos aos perigos da estrada.



Ainda assim só tenho a tirar o chapéu ao M. e ao F. que decidiram rolar de casa ao Alvito e voltar (serão uns míseros 3kms mas na selva do trânsito é uma aventura).



E é por eles, e por todas as famílias que querem ser livres de escolher o meio de transporte ativo para deslocação, seja de bicicleta ou a pé, que devemos todos assinar esta petição:

Ban Ki-moon: WE DISAPPROVE OF THE CAR LOBBY APPOINTED AS UN SPECIAL ENVOY ON ROAD SAFETY

Pode ser pouca coisa mas pode ajudar a mudar um bocadinho os poderes no mundo e a pressão para mudar o paradigna atual em que um pai e um filho tem de se refugiar de bicicleta no passeio para se sentirem seguros a deslocarem-se num parque florestal impestados de carros a velocidades bem acima do limite.

Nota:
O facto de não deixarem as bicicletas entrarem faz algum sentido pois aquilo está cheio de crianças a correr desvairadamente (no bom sentido!), mas mesmo assim acho que deveriam deixar entrar à mão, para as pessoas terem um olho nas ditas.
O M. e o F. de 20 em 20 minutos iam à porta ver se as bicicletas ainda lá estavam... isto é parvo!

Uma féria de uma hora

Friday, May 8, 2015

Esta semana os meus posts aqui no blog foram ligeiramente para o negativo pelo que estava a faltar um pouco de boa energia. Aqui vai...

Resolvi ir tirar umas férias de uma hora e peguei na Felicidade e fui almoçar a um dos meus spots preferidos em Lisboa para se "estar".  A comida não é nada de mais, o serviço é aceitável, mas o local é um pequeno oásis dentro da metrópole.



Haviam turistas e locals q.b., falava-se em várias línguas, havia gente de férias, gente a almoçar ou só a tomar um café, gente a trabalhar nos seus portáteis ou a ter reuniões, e outros a estudar, havia até um casalinho de adolescente muiiiito enamorados (err, groosss!) e uns jovens papás com o seu rebento.

Assisti a uma disputa territorial de dois casalinhos de patos! A um namorico de pombos. O chilrear dos muitos seres alados era um pouco abafado pelos pássaros de metal em descida para a pista do aeroporto, mas conseguiam-se fazer ouvir o suficiente para ser agradável.


Durante o tempo que lá estive ouvia ao de leve o que me parecia ser o musicar de um acordeão, mas não conseguia situar. Depois misturava-se com o que parecia ser um violino. No fim vi dois jovens músicos na sombra do jardim a praticar os seus instrumentos.


Acabei com um dos meus bolos preferidos, Queijada de Requeijão - é uma questão cultural/psicológica (quando era puto fui levar vacinas e se me portasse bem a minha mãe recompesar-me-ia, e foram umas queijadas lá da terrinha no Alentejo). Esta era boazita mas nada de mais.


Foi uma hora bem passada, e só possível por ter a minha fiel companheira que me permite estas deslocações céleres e convenientes dentro da cidade. 

Ride bikes! Free yourselves!

Ah, é uma esplanada nos Jardins da Gulbenkian. 

Nota:
Obviamente podia ter ido a pé, ia demorar muito mais tempo e não seria uma hora de férias mas uns 30 minutos pois aquilo ainda é longe do local de trabalho. 
Podia ir de mota, verdade, ou mesmo de carro, mas não seria a mesma coisa... né?

7 mil milhões de outros menos um

Thursday, May 7, 2015

Hoje atrasei-me nos afazeres domésticos matinais e vim um pouco mais tarde, nada de mais mas um pouco depois da minha hora normal.

Estava trânsito automóvel, muito, mas isso já não me aflige, é o que é, eles é que vão em rebanho.

Na Estrada da Circunvalação, ia eu no sentido para Lisboa e vi pela primeira vez um commuter de bicicleta a ultrapassar outro commuter de bicicleta. Cada vez há mais gente a adotar os meios ativos de transporte. Boa!

Chegado à ciclovia da Radial de Benfica estava o trânsito todo a caracolar, apitavam e bufavam dentros das suas latinhas - esta gente deve chegar ao trabalho super motivada e cheia de energia positiva. Not!

O trânsito era tal que na rotunda onde finda a ciclovia estava tudo emperrado, estava um carro da polícia e dois agentes a orientar o trânsito, até eu parei na cabeça da fila.
Questionei o que se passava e o polícia sem tirar os olhos do seu mister diz-me: "Foi um acidente muito grave na Rua de Campolide".

Segui e mais adiante ao passar os carros parados foi vendo que havia um grande aparato com polícias e carros de bombeiros, pinos a reduzir a estrada a uma faixa.
Fiz o que faço quase 99% das vezes, desmontei e atravessei a passadeira para depois seguir a pé com a bicicleta pela mão para a Av. Gulbenkian.

https://www.google.pt/maps/@38.734357,-9.164597,3a,75y,143.89h,85.43t/data=!3m4!1e1!3m2!1swfZ9SX07b7cyRfYP4XnN0g!2e0!6m1!1e1

Nisto há uma senhora que começa a atravessar a passadeira ao mesmo tempo que eu, com um polícia à nossa frente no passeio. O condutor do primeiro carro, um velhote, começa a tentar passar, na única faixa, connosco ainda na passadeira.
A senhora começa quase histérica a gritar: "É uma passadeira! Veja a passadeira..."
O velhote continua a pressionar para passar e a mandar vir dentro do carro. E a polícia e bombeiros ali ao lado. Assim que passo, com a bicicleta na mão, ouço um dos muitos populares que ali estavam quedados a ver a gritar:
"Filho da put@, ainda mandas vir? Cabrão! É uma passadeira!"

Estranha reação, pensei.



Nisto começo a subir pelo passeio mas olho para trás para ver o tal acidente grave.
Não vi carros batidos, nem estilhaços... estranho!

Vi apenas um carro "civil" parado e dois polícias a falar com uma senhora.
A cada carro que passava acelerando as pessoas continuavam revoltadíssimas.
De repente o meu olhar fixou um saco no chão ao lado do autotanque dos bombeiros.

Parecia resguardar um corpo, inerte, morto!

Fiquei completamente enjoado...

Não confirmei ainda a notícia, isto aconteceu há pouco, mas se os olhos não me trairam, alguém perdeu a vida ali, naquela passadeira que eu uso todos os dias que venho de bicicleta.

Numa rua que deveria ser "residencial" e deveria ter limite de velocidade forçado, onde passam pessoas idosas, crianças, carrinhos de bebé... alguém com pressa para ir para o trabalho, distraído, ceifou uma vida, de alguém, que tinha família, que tinha amigos...

Podia ser o seu filho, a sua mãe, uma amiga, um colega de trabalho.
Dasse, podia ter sido eu!!

As nossas estradas estão um selva.
Há imensos atropelamentos mortais porque as estradas são mal feitas, por falta de sinalização, mas muitos por falta de cidadania e consciência dos intervenientes no trânsito.

É por isso que é importante mudarmos, agirmos, não sermos passivos nesta guerra silenciosa.

É importante assinarmos este tipo de petição, que parece não ter impacto mas que até pode mudar muita coisa num futuro próximo...

We strongly disapprove of the appointment of Jean Todt, head of the International Automobile Federation / Formula 1, as UN Special Envoy on Road Safety. 

O mundo somos nós que o fazemos!

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Adenda:

Notícia aqui no site da TVI24

"Um peão foi atropelado mortalmente, esta quinta-feira, na Rua de Campolide, depois de um acidente entre um carro e um motociclo, confirmou à TVI24 fonte da PSP de Lisboa. O acidente fez ainda um ferido ligeiro, o condutor da moto. 

A vítima, uma mulher de 63 anos, foi atropelada pelo carro e faleceu no local. O condutor do automóvel foi identificado. 

Segundo a mesma fonte, o acidente ocorreu às 8:34. A Rua de Campolide foi cortada e o trânsito ainda se encontra condicionado."


Correio da Manhã

"Uma mulher de 63 anos foi atropelada mortalmente durante a manhã desta quinta-feira na Rua de Campolide, em Lisboa. A condutora que atropelou a mulher feriu ainda um motociclista e tentou fugir do local, mas foi travada por populares. O acidente ocorreu por volta das 08h39 desta quinta-feira e provocou morte imediata à vítima. A condutora atingiu uma mota, que tinha parado numa passadeira para deixar a vítima passar, e de seguida colheu a mulher de 63 anos. O motociclista sofreu ferimentos e foi transportado pelo INEM para o Hospital de Santa Maria. Testemunhas no local relataram ao CM que o dono de um café e outros populares foram atrás da mulher que causou o acidente e queria fugir do local, afirmando que "estava atrasada para o trabalho". Foi travada com ajuda de um camião que lhe bloqueou o caminho e detida pela polícia, acabando por ser libertada depois de fazer os testes de alcoolémia."

Observando a urbe

Wednesday, May 6, 2015

Tenho andado com uma maleita no pé direito e como tal na passada segunda e ontem terça vim na minha scooter ao invês de vir de bicicleta.

Ao final do dia, já à vinda para casa e depois de uma paragem rápida para fazer umas compras de última hora na Avenida António Augusto Aguiar em Lisboa, eis que a minha companheira decide que não quer ligar... a bateria morreu!

Bom, eu pago seguro para alguma coisa pelo que telefonei para o número da seguradora para ativar a assistência em viagem. Correu tudo bem, o normal, mandaram vir o reboque e um taxi para me levar a casa. Como era final do dia disseram-me que ia demorar uns 30m, estive à espera 1 hora (entre as 19h e pouco até às 20h e tal).

Sentado a ver a urbe a palpitar, eis o que posso aferir por simples observação...

A Avenida António Augusto Aguiar é, parcialmente, uma autêntica auto-estrada.


O trânsito motorizado automóvel e de duas rodas flui a velocidades elevadas para uma artéria dentro da cidade - bem mais de 50kms/h.

Muitas pessoas vão a conduzir ao telemóvel, e num momento vi quatro carros seguidos com os condutores a mexer no telemóvel (navegar no facebook? instagram? sms's?).
Vi um senhor a ler o jornal e a conduzir, I kid you not.

A grande maioria dos carros leva apenas o condutor.
Da grande maioria de carros só com o condutor a maioria são senhoras, verdade!
Dos carros que levam casais tipicamente é o homem que conduz.
Dos carros que levam crianças tipicamente é uma senhora que os conduz.
Passaram poucos carros com a lotação cheia.

Em 1 hora passou um Porshe e um Lamborghini (acho que era) que tinham umas grandes bufadeiras a largar barulho - mas não existe lei do ruído?

Passaram imensas motinhas, scooters e motões, alguns a fazer muito barulho - mas não existe lei do ruído?

Em uma hora passaram uns 3 ou 4 autocarros de transportes públicos, e um deles era basculante e nem metade da ocupação levava. Passaram vários autocarros turísticos.

Sentado onde estava via os peões a caminhar cabisbaixos nos passeios pois a calçada portuguesa é traiçoeira e existem imensos obstáculos (postes, caixotes do lixo, etc).

O passeio é ridiculamente pequeno comparado com as 8 faixas de alcatrão mais uma faixa de estacionamento para os automóveis. As motas também não tem muito estacionamento legal pelo que pontilhava uma ou outra em cima do passeio.

Os semáforos fazem com que os carros acelerem para queimar os vermelhos, em uma hora ouvi umas 5 vezes travagens a guinchar os pneus. E assim que caí o verde saem num disparo como se fosse o início de uma corrida.
Os peões atravessam nos vermelhos e muitas vezes "atiram-se para a estrada" (dixit Barbosa) a correr onde nem há passadeiras, alguns ao telemóvel e distraídos.

O ar que se respira é pesado, sem grandes áreas verdes, e os níveis de ruído elevado (para conseguir falar ao telemóvel tive de me resguardar na entrada de um prédio).

E o que é que isto tudo tem a ver com bicicletas...hmmm?

Que no meio desta babilónia urbana fiquei deveras surpreendido por ter visto passar umas duas dezenas de bicicletas nesta artéria agressiva.
Verdade verdadeira! Mais vinte bicicletes!!
Três delas passaram em cima do passeio (ainda lhes "rosnei").
Quase todas era malta vestidinha do dia de trabalho a ir para casa ou para outros afazeres... Impressionante!
A arriscarem a vida naquela "auto-estrada" com os automóveis em pura condução agressiva e excesso de velocidade...
Mas lá está, tudo homens dos 20 aos 50 anos.

Se calhar isto corria melhor se houvessem mais infraestruturas, redução de vias de trânsito motorizado, diminuição do limite de velocidade, mais fiscalização.

Existe a vontade, o povo quer, mas quem manda e decide tem de criar as condições...


"Há muitos Barbosas na terra"

Monday, May 4, 2015

E se as pessoas à frente de certos e determinados organismos defendessem um mundo melhor para todos? Livres de lobbies? Sem beneficiar cegamente um lado em detrimento ou prejuízo do outro?

Parece que o maior clube automóvel do país (ACP) foi a votos e decidiu, democraticamente, na continuação do trabalho feito até hoje pela direção atual que renovou assim o mandato. Eu não sou sócio dessa associação. Não sei aferir o trabalho dessa direção pelo que não sei mesmo se os associados fizeram uma boa escolha. Não conheço a pessoa que dá cara pela direção mas o pouco que leio e absorvo da comunicação e demais informações que apanho é que é alguém curto de vistas focado apenas em prol da indústria e dos usufrutários do automóvel.
É pena! Felizmente os automóveis não são ainda autónomos e precisam de pessoas, e quem está à frente de tal instituição deveria saber que pessoas são também peões e ciclistas.
Perdeu-se uma oportunidade pois aparentemente a lista concorrente tinha pessoas com um outro prisma sobre os temas de mobilidade e transportes que podiam beneficiar todos e não apenas alguns.

Mas isto tudo para chegar onde?

Pois parece que na Organização das Nações Unidas (United Nations em EN) nomearam recentemente um novo Enviado Especial para a Segurança Rodoviária.


Ainda bem, é preciso sangue novo e alguém que com uma diferente visão que leve a compromissos entre todos os envolvidos. Os embaixadores defendem as suas "sardinhas" mas gerando consensos e compromissos entre as partes. Principalmente entre as partes mais vulneráveis de quem usa a estrada.

Ver notícia aqui:
http://www.un.org/press/en/2015/sga1565.doc.htm
"(...) Every year, some 1.3 million people are killed and up to 50 million people are injured on the world’s roads.  Half of all road traffic deaths are among vulnerable road users, such as pedestrians, cyclists and motorcyclists. (...)"

Agora o que está mal é que nomearam o atual PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DO AUTOMÓVEL.
(ver perfil aqui: http://en.wikipedia.org/wiki/Jean_Todt)

Ah bom! É quase como promover o dono da Philip Morris (tabaqueira mundial) como o Enviado Especial contra o Tabagismo (não deve existir esta posição, inventei para dar o exemplo).

E porque é que isto nos toca a nós, no dia a dia?
Porque estas coisas são sementes semeadas hoje para brotarem e crescerem devagar...

Quiça daqui a umas décadas não somos todos obrigados a sair de capacete, cotoveleiras e joelheiras pois o Enviado Especial moveu as suas influências para mudar legislação, pois obviamente nunca será o automóvel o responsável pela falta de segurança nas estradas?
Quiça o spray da Volvo (Life paint) não passe a ser obrigatório a todos os peões assim que o astro rei se ponha no horizonte?
Quiça os lobbies da indústria automóvel, que está em crise, viu aqui uma janela de oportunidade para defletir responsabilidades, quiça... quiça...

Assim, e sabendo é uma luta de Golias e David, a MUBi lançou um repto de uma petição mundial para mudar o dito Secretário para alguém com mais imparcialidade no tema.

Se tiver 30 segundos da sua muy ocupada vida é clicar aqui
Ban Ki-moon: WE DISAPPROVE OF THE CAR LOBBY APPOINTED AS UN SPECIAL ENVOY ON ROAD SAFETY
...e depois de ler se concordar assinar a petição deixando apenas o mail e país de origem.

E by the way...
Eu não odeio carros! Aliás eu adoro o meu carrinho! Velhinho mas honrado! Dá-me muito jeito quando vou à terra ver a família, ou de férias e preciso de levar montes de tralha, ou quando vou em roadtrips com os meus amigos, ou outras situações onde é um transporte útil.
Mas não uso é o carro para ir comprar pão a 1km de casa, nem no commute diário para o trabalho, nem a entupir a cidade...
Já o ponderei vender várias vezes mas a verdade é que preciso dele mais do que gostaria e por enquanto terá de ser um mal menor tê-lo para usar em certas e determinadas situações.

Mas o que está em causa não é a posse de um automóvel, mas as leis, regras e limites que gerem o uso do automóvel de forma a não estrangular a nossa comunidade/sociedade/mundo.

Dia do trabalhador e mais uma estória dos Funcionários #6

Friday, May 1, 2015

(Na onda da sátira "Funcionários" do livro "Quotidiano Delirante" do artista Miguelanxo Prado seguem mais umas estórias de pura ficção... estas minhas estórias são mesmo ficção, qualquer semelhança com a realidade serão pura coincidência).

«
- Senhor engenheiro, tenho mais umas situações que gostaria de rever consigo a ver se podemos fazer algumas melhorias...
- Ai, mau, mas começa já assim a semana? Raio do rapaz sempre a moer-me a cabeça - disse o homem a entredentes. 
- Na passada semana fui dar uma volta de bicicleta a Monsanto e sabendo que a minha namorada estava com a minha filha no parque da Serafina passei lá para lhes dar um beijo.
- Quem simpático da sua parte. Mas e então?
- E então quando uma pessoa vai dar uma volta de passeio de bicicleta é normal que não leve atrás toda uma tralha que pode levar quando usa a bicicleta como meio de transporte nomeadamente um cadeado, e quando cheguei à porta do parque não me deixaram entrar com a bicicleta. 
- Ah pois é. Regras são regras. Só as crianças podem andar de bicicleta no parque da Serafina amigo -sentenciou o homem.
- Sim, sim, nada contra - retorquiu o rapaz - faz sentido, aquilo está cheio de gente, de famílias, de crianças e até bebés em carrinhos, é perfeitamente aceitável que não possam adolescentes ou adultos andar em cima das bicicleta a rolar.
- Lá está! - finaliza o homem já a agarrar o seu jornal para ver as gordas.
- Mas eu podia levar a bicicleta pela mão, mas não me deixaram e disseram que a podia deixar no parque.
- E então? 
- E então que faz algum sentido não deixarem entrar com a bicicleta à mão, e terem um parque de bicicletas à entrada que ninguém usa? Não estaria melhor esta estrutura se estivesse lá dentro ao lado do café/restaurante?
- Ó rapaz, esse estacionamento está perfeito onde está, os carros também não entram dentro do parque não é assim?
- Está a comparar os carros às bicicletas? - irritou-se o rapaz.
- Eu? Eu não. Vocês os maluquinhos das bicicletas é que tem essa mania.
O rapaz furibundo resolveu parar a conversa não fosse exaltar-se. Respirou e contou até 100. Depois pausadamente voltou a tentar dialogar.
- Bom, sabendo-me desta limitação no dia 1 de Maio, Dia do Trabalhador, resolvi levar lá a minha filha mas fomos os dois de carro e levei a bicicleta dela na bagageira.
- Ah, e fez você muito bem, conseguiu estacionar o carro?
- Sim, sim, consegui. Aliás, até estranhei pois haviam poucos carros e estava um dia bastante agradável para se estar ao ar livre... mas ao chegar ao portão havia um aviso que dizia:
"A Câmara Municipal de Lisboa informa que os parques recreativos da Serafina e do Alvito, situados no Parque Florestal de Monsanto, vão estar encerrados ao público na próxima sexta-feira, dia 1 de Maio, feriado nacional, assinalando o Dia Mundial do Trabalhador."
- Ah pois é! - frisou o homem.
- Mas, mas acha bem? 
- Claro! Os trabalhadores tem direito a celebrar o Dia do Trabalhador.
- Mas é um jardim municipal, dos melhores da capital, onde dezenas senão centenas de crianças podem divertir-se, correr, saltar, fazer-se piqueniques...
- Pois, temos pena, há sempre o resto do fim-de-semana - mofou o homem.
O rapaz já bufava!
- Bem, como o parque do Alvito também estava fechado acabei por ir até à Alameda Keil do Amaral, pelo menos essa estaria de certeza aberta.
- Fizeste bem rapaz - disse o homem já a perder interesse na conversa.
- Pois, mas enquanto passeava com a miúda que rolava de bicicleta reparei em mais um equipamento de parqueamento de bicicletas que não faz sentido - atirou o rapaz captando a atenção do homem.
- Mas como assim?
- Então, há lá um lava-bicicletas, conhece?
- Sim claro, fomos nós que tratamos disso.
- Mas ao lado há um parqueamento inútil. Que de nada serve.
- Preso por ter cão e preso por não ter. Está lá pois há muita gente a andar de bicicleta nessa zona, a fazerem btt e ciclismo, assim podem parquear as suas bicicletas.
- Senhor engenheiro, ninguém que vá fazer desporto de bicicleta em btt ou ciclismo leva cadeados e irá deixar a bicicleta no meio do nada para ir a algum lado.
- Podem ir ao WC, ora!
- Se andarem em grupo alguém fica de fora a guardar, e se andar sozinho faz no meio da natureza.
- Ah, e se for uma mulher?
- Tem visto muitas mulheres sozinhas a fazer btt em Monsanto?
- Não mas pode sempre haver uma.
- Não lhe parece Senhor Engenheiro, que este equipamento na Avenida Keil do Amaral e o do parque da Serafina seriam mais úteis a quem realmente precisa de ter um local onde prender a sua bicicleta quando vai trabalhar ou estudar? Em frente a um Hospital? Ou a uma Escola? Ou a um Museu? Locais onde possa realmente ser usado por quem precisa?
O homem fez-lhe um sorriso amarelo:
- Está feito, está feito. Fica anotado o comentário. Agora deixa-me lá trabalhar - rematou enquanto abria o jornal.
»


Agora sem ser ficcionado, isto existe e deve servir para muito pouco... digo eu!





 

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