Já quando ia com os amigos à Serra de Sintra fazer BTT havia o chamado "espírito da montanha" onde os BTTistas se cumprimentam ao se cruzarem, o que para quem se iniciava nessas aventuras era algo que se estranhava, mas depois passava a normal.
No commute acontece o mesmo. Com o passar dos dias, das semanas, dos meses, começamos a cruzar com algumas pessoas e começa a haver um cumprimento envergonhado, depois passa a rotineiro e um dia passa a conversa (quando no mesmo sentido).
Aconteceu-me já com várias pessoas com quem me vou cruzando no meu commute... não ficamos amigos, não trocamos telefones, nem combinamos copos, mas existe ali uma cumplicidade da situação. Se calhar existe por sermos poucos, se calhar é por empatia por nos considerarem "esquisitos" e "maluquinhos", não interessa... o facto é que é algo global e não local.
As pessoas que commutam de bicicleta vivem mais o seu commute e socializam mais com os restantes commuters (principalmente se forem de bicicleta, óbvio)!
Há tempos ia a chegar a casa com um meu amigo/vizinho commuter e ia um rapaz numa subida a levar a sua bina pela mão, o meu parceiro de viagem cumprimentou o rapaz e perguntou se estava tudo bem e se precisava de ajuda. Pela forma descontraída perguntei se o conhecia. Que não mas como levava a bicicleta à mão era para saber se estava com algum problema.
A semana passada tive um furo lento, e parei na ciclovia a encher o pneu. Passou um senhor que já tenho visto amiúde e perguntou se estava tudo bem e se precisava de ajuda. Agradeci e disse que não. Ele seguiu. Apanhei-o mais à frente e fomos na conversa uns 3 kms.
A verdade é que antigamente os condutores de veículos motorizados também se ajudavam uns aos outros e se respeitavam, mas hoje em dia é cada um dentro da sua viatura metido na sua vida e o resto é apenas "paisagem".
Há uma empatia quase natural entre os ciclistas...
Infelizmente, não em todos os ciclistas... há sempre uns palermas, mas isso há em todo lado né?
Outra coisa que tenho reparado agora que o tempo está mais ameno e os dias a começar a ficarem maiores é que há muito mais bicicletas a circular. Mesmo...
Hoje de manhã a caminho do trabalho num curto espaço de 300 metros numas ruelas onde nunca encontrei nenhuma bicicleta cruzei-me com três.
Uma moça com uma bina muita gira - sem capacete, roupa normal. Um jovem nos 30 com uma bicicleta com cadeirinha e trazia um capacete de criança, pelo que assumo que tivesse ido deixar a descendência à escolinha - sem capacete, roupa casual mas não de trabalho. E enquanto estava parado no vermelho (sim eu sou desses) vejo passar um moço numa BTT com uma mochilona às costas - de capacete e licrado.
De onde veio esta gente toda?!
É uma praga!
E nós não estamos preparados para lidar com esta praga!
Vai ser o caos... bicicletas por todo o lado!
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Concordo. Costumo dizer que onde há um ciclista há um amigo. E como a praga dos ciclistas tende a aumentar, ao contornar uma curva sempre corremos o risco de encontrar amigo. :)
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