Sevilha, a Amsterdão do sul da Europa

Tuesday, June 14, 2016

Fomos passar o fim-de-semana grande dos feriados de junho a Sevilha com uns amigos. Já lá tinha estado duas vezes, a ultima das quais há 7 anos num invernoso novembro. E de lá para cá a cidade transformou-se numa meca da mobilidade ativa.


Se já considerava que Valência e Bilbao que visitei mais recentemente eram muito bike-friendly então Sevilha é realmente um paraíso para quem gosta de se deslocar de bina.




Imaginem os "cojones" do alcaide que decidiu fechar esta avenida ao trânsito automóvel... isto se fosse cá em Portugal era linchado vivo. Se a CM de Lisboa para fazer melhorias que não tocam no status quo já está a ter a propaganda que está, imaginem se um dia um "maluco" caísse na loucura de fechar, vamos a imaginar, a Av. Fontes Pereira de Melo e torná-la uma zona pedonal e de comércio... 

~

A cidade tem muitas ciclovias, mesmo mesmo muitas, mas nas grandes avenidas.
Pelo que me disse um taxista foram retirados muitos lugares de estacionamento nas principais avenidas para dar lugar a essas ciclovias.

Existem também muitas ciclovias em cima de passeios, mas muitas delas não influênciam o passo pedonal. E mesmo onde há muitos "conflitos" não parecem ser beligerantes. Como há mesmo muitas bicicletas a rolar os peões já sabem que não devem andar nas ciclovias.


Nesta foto de cima está uma larga avenida com umas 4 vias de trânsito motorizado, uma de BUS e ao lado segregada uma ciclovia bidirecional que "roubou" espaço de estacionamento automóvel para ser feita, mas depois ladeada com arvoredo e  arbustos do passeio pedonal, que como não tem pedrinhas mas sim um piso confortável e liso é usada pelos peões (got it?!).

Na foto de baixo está um exemplo de como se faz uma ciclovia, contínua e onde o trânsito automóvel é que tem de dar prioridade, pois a passadeira de peões e a ciclovia mantêm a cota e sem interrupções, e os carros é que tem de dar prioridade e abrandar com cota elevada para passar fazendo acalmia de trânsito. Acalmia essa que era visível na postura de condução, em 4 dias só ouvi uma pessoa a apitar insistemente no seu bólide.


Mesmo as zonas mais "antigas" onde não há ciclovias, há imensas infraestruturas para ajudar no uso das bicicletas, desde parqueamentos a pavimentos mais lisos. Haviam muitas pessoas de cadeiras de rodas a circular sozinhas na cidade, e muita gente de skate e patins em linha mas em deslocação e não em lazer. E há muitas zonas 20 e 30 para limitar o excesso de velocidade automóvel e assim ter efetivamente zonas de acalmia para todos.






Outro detalhe é que há muitos locais de estacionamento de motos e como tal não concorrem com os lugares de bicicletas, e possivelmente por haver uma sensibilização diferente ao tema do que por cá, uma vez que devem ser severamente multados por usurparem os lugares das bicicletas.


Achei estes pormenores deliciosos, em muitas ruas estreitas criam estes mini-estacionamentos para motos em paralelo com a rua.

Obviamente, mas só pela piada, aderi ao sistema de aluguer de bicicletas partilhadas de Sevilha que funciona muito bem e que é muito usado, Ultimamente tem sido notícia que o sistema está a cair no uso mas porque muitas pessoas passaram a adquirir as suas próprias bicicletas, o que é um passo natural se se vive na cidade e se usa a bicicleta como meio de transporte.





E depois há aqueles detalhes que fazem a diferença entre haver ou não barreiras... os passeios lisos, quase todas as passadeiras ou são rebaixadas ou elavadas para garantir continuidade, tal como as ciclovias, as passadeiras são para peões e bicicletas pelo que não é preciso desmontar, existe sentidos proibidos e trânsito condicionado excepto bicicletas, os semáforos tem temporizadores e avisos sonosos para ajudas os minus-válidos, e tem sinalização para peões e bicicletas.
Detalhes que fazem a diferença...

E isso vê-se, pois há desde o mais licrado e enxuto ciclista de estrada, ao BTTista, aos grupinhos de crianças a rolar sozinhas ou a um casal de velhotes de bicicleta a irem de compras sem medo do perigo e da maluquice que é andar de duas rodas numa cidade com tanto trânsito.

Mais uma vez adorei Sevilha, e realmente está muito à nossa frente no que respeita a mobilidade ativa. Mas não seria capaz de viver nesta cidade, pois apesar de não ser de chocolate eu derreteria com o calor, estavam só 41 graus no dia 13 de junho quando regressámos e ainda nem chegou o verão a sério... mas sem ser isso é uma cidade que deve ter uma excelente qualidade de vida.

(Só o pão deles é que é uma coisa indescritível, se calhar se abrisse lá uma boa padaria acho que ficaria rico!)

Até em Sevilha se fala da Mega Massa Lisboa > Oeiras, que é já dia 24 de junho... :)


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