Tomem as faixas... mas com bom-senso!

Saturday, February 21, 2015


(Este post vêm a propósito de uma conversa numa das redes sociais onde um educado senhor estrangeiro insistia, na sua inocência, que os ciclistas nas cidades - e não só - devem andar na berma ou encostados à direita de forma a não incomodar o trânsito.)


Eu ando nisto há pouco tempo, e tal como muitos tive e ainda tenho dificuldade em assumir de bicicleta a minha "posição primária" na estrada/rua.

«The cycling skills manual Cyclecraft, the foundation of Bikeability, the UK's national standard for cycle training, defines the terms primary riding position, where the cyclist will be more visible and predictable to motor vehicle traffic, as being in the center of the traffic lane, and secondary riding position as being 1 metre (3.3 ft) to the side of moving traffic, but not closer than 0.5 metres (1.6 ft) from the edge of the road.»
in http://en.wikipedia.org/wiki/Vehicular_cycling

Com a experiência e conhecimento dos percursos tenho abandonado a segregação do uso da berma ou de estar encostado à direita da estrada para ir para uma denominada "posição secundária".

«Lane control is the practice of a cyclist controlling a lane (also known as "using the full lane", "taking control of the lane", "taking the lane" or "claiming the lane") when traveling near the center of a marked travel lane. Controlling the lane normally precludes passing within the same lane by drivers of wide motor vehicles, while being positioned near a lane edge usually encourages such passing—even when it is hazardous to cyclists.»
in http://en.wikipedia.org/wiki/Vehicular_cycling

No entanto com o passar do tempo e o calo do dia a dia começo a tomar o centro da faixa e a assumir a dita "posição primária", tendo em consideração a rua ou estrada onde circulo para estar mais ao centro ou um pouco mais à direita.

Não é fácil fazer esta mudança mental, e nem todos tem a mesma percepção da segurança. Há quem ache que estar na berma ou à direita é o seguro e correto, e há quem ache que o o estar no centro da faixa é que permite um melhor nível de segurança e conforto para o ciclista mesmo em detrimento do trânsito motorizado.

«
"control and release"
A savvy cycling practice in which the bicycle driver balances courtesy with safety by controlling his or her lane, but moving aside or pulling over, when it is safe and reasonable to do so, to release traffic that is unable to pass for a significant time.»
in http://iamtraffic.org/glossary/control-and-release/

Mas para perceber bem estes conceitos e a segurança inerente a circular na berma/direita ou no centro ver bem esta animação (só em PC, é em flash):
http://www.commuteorlando.com/ontheroad/animations/narrowlane/narrowlane.swf

Mas no fundo no fundo o ciclista deve fazer aquilo que é o mais seguro para si tendo em conta a estrada/rua onde circula, as condições atmosféricas e o fluxo de trânsito... as regras são regras, e as leis para cumprir, mas em primeiro o bom-senso...

Um exemplo... ainda outro dia um grande amigo me contava que num determinado local circulava de bicicleta e passa por uma passadeira onde uma senhora ia começar a atravessar, assim que passa ouve o baque de um carro a bater nesse peão. O astro maior estava no horizonte e os carros não abrandaram com o cuidado devido e naquele ângulo a visão dos raios cegava os condutores... o peão não contou com isso e meteu-se na passadeira após o meu amigo passar, o carro nem a viu e atropelou. Podia ter sido esse meu amigo, felizmente não foi. Infelizmente foi outra pessoa.

(Monsanto, Lisboa)

Ora nos dias seguintes a este relato apanhei em vários locais, de manhã ou à tardinha, estes ângulos do Sol em determinados troços do meu commute. Esta situação levou-me a abdicar totalmente da posição primária e até secundária e a refugiar-me bem à direita. É que a visibilidade era tão má que não ia arriscar.

Mas para fechar, relembrar e sublinhar: as bicicletas também são trânsito e pertencem à estrada! Mas primeiro que tudo está a segurança.

4 comments

  1. Importante acrescentar que nestas condições - sol de frente - os condutores de veículos motorizados devem moderar especialmente a velocidade (código da estrada, art. 25). No caso que descreves do atropelamento na passadeira, o automobilista é 100% responsável. Bastava ter respeitado o código da estrada para evitar o acidente. O mesmo não se pode exigir a um peão, que pode muito bem ser uma criança ou idoso, sem dever ou capacidade de analisar se existe encadeamento ou não.

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  2. Excelente artigo. Relativamente ao "corte" por um carro que vira à direita: mesmo circulando afastado da berma, já me aconteceu ser ultrapassado pela faixa à minha esquerda e cortado no último instante... O que é preciso é estar sempre alerta.
    Em última análise, para ser ciclista na estrada e continuar vivo, não convém ser do tipo "optimista".

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  3. Em última análise, para ser ciclista na estrada e continuar vivo, não convém ser do tipo "optimista".

    Esperar o melhor, contar com o pior

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